terça-feira, 27 de agosto de 2013

Encontro Regional Animação Bíblico-Catequética Reg.Leste 1

A Comissão de Iniciação para a Vida Cristã da Arquidiocese de Niterói, representadas pela Irmã Inês e membros dos Vicariatos de nossa Arquidiocese, participou do Encontro Regional nos dias 16, 17 e 18 de agosto de 2013, na Bethânia - Casa de Encontros e Oração, em Vassouras RJ.

Participaram o bispo referencial da Catequese, Padres, assessores, catequistas do Estado do Rio de Janeiro.

Dias de convivência fraterna partilhando a fé, alegrias e esperanças de uma catequese renovada frente aos desafios da evangelização em nossos dias, sejam com crianças, adolescentes, jovens e adultos.

O Encontro aconteceu tendo como Temas:
1- JMJ- Catequese, participação, impressões
2- Ano da Fé - Caminhos das novas orientações para catequese (Pe.Décio).
3- Evangelho de Lucas
4- O perfil do catequista: Ano da Fé, JMJ, dentro das novas orientações para a catequese (Ir.Lúcia).
5- Escola catequética paroquial (Ir.Sueli).
6- Palavra do Bispo referencial da Catequese.
7- Compromissos.

Postamos algumas fotos do Encontro.















































segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ELE CHAMA AS OVELHAS PELO NOME E AS CONDUZ À PASTAGEM - Jo 10,3

RECOMEÇAR A PARTIR DE CRISTO.

A Festa de São Pio X (21 de agosto) é a ocasião de, juntos, darmos graças a Deus por esse belo ministério eclesial, em que a Palavra se torna compreensível e significativa para a vida de tantas crianças, tantos jovens e adultos. [...]. O caminho que estamos percorrendo como Igreja, a fim de encontrar as atitudes próprias, que tornem possível uma evangelização orientada para todos, e não para que só alguns tenham vida em plenitude.

Diz o então Cardeal Bergoglio: "Escrevo a vocês consciente das enormes dificuldades que essa tarefa representa. A transmissão da fé nunca foi um trabalho simples, mas, nestes tempos de mudança, o desafio é ainda maior:

Nossas tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra com a mesma fluidez que no passado. Isso afeta, inclusive, esse núcleo mais profundo de cada cultura, constituído pela experiência religiosa, que parece agora igualmente difícil de ser transmitido através da educação e da beleza das expressões culturais, alcançando inclusive a própria família que, como lugar do diálogo e da solidariedade intergeracional, havia sido um dos veículos mais importantes da transmissão da fé. (Dap.n.39).

Necessitamos "recomeçar a partir de Cristo, a partir da contemplação de quem nos revelou em seu mistério a plenitude do cumprimento da vocação humana e de seu sentido". (Dap, n.41). Só colocando nosso olhar no Senhor poderemos cumprir Sua missão e adorar Suas atitudes.

Uma das contribuições mais lúcidas da recente Assembleia de Aparecida foi a de tomar consciência de que, talvez, o maior perigo da Igreja não deve ser buscar do fora dela, mas no interior dos seus próprios filhos; na eterna e sutil tentação de se defender, de se fechar para se sentir protegido e seguro.

A Igreja não pode retroceder diante de quem só vê confusão, perigos e ameaças, ou de quem pretende cobrir a variedade e complexidade de situações com uma capa de ideologias desgastadas ou de agressões irresponsáveis. Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, fazendo-o a partir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo que suscite discípulos e missionários. Isso não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de novos homens e mulheres, que encarnem tradição e novidade, como discípulos de Jesus Cristo e missionários do Seu Reino, protagonistas de vida nova para a uma América Latina que quer se reconhecer com a luz e a força do Espírito.

Não resistiria aos embates do tempo uma fé católica reduzida a um conjunto de itens de uso pessoal, a um elenco de normas e proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e parciais da verdade da fé, a uma participação ocasional em alguns sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos brandos ou ríspidos que não convertem a vida dos batizados. Nossa maior ameaça "é o pragmatismo cinza da vida cotidiana da Igreja, na qual tudo ocorre com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez" (Joseph Ratzinger-Bento XVI): "Situação atual da fé...",1996). A todos nós compete recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que "não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva" (Dap.n.12).

Centrar-nos em Cristo deve, paradoxalmente, nos descentralizar. Porque, onde há verdadeira vida em Cristo, há solução em nome de Cristo. Isso é recomeçar autenticamente em Cristo! É reconhecer que somos chamados por Ele para estar com Ele, para ser seus discípulos, mas para experimentar a graça do envio, para sair a anunciar, para ir ao encontro do outro. (Mc 3,14). Recomeçar a partir de Cristo é olhar para o Bom Mestre que nos convida a sair do nosso caminho habitual para fazer do que acontece às margens do caminho, na periferia, experiência de proximidade e verdadeiro encontro com o amor que nos faz livres e plenos.

"Um elemento que deve ser levado em conta para orientar a catequese é que o recebido deve ser anunciado (cf.1Cor 15,3). O coração do catequista se submete a esse duplo movimento: centrípeto e centrífugo (receber e dar). Centrípeto quando "recebe" o querigma como dom, acolhendo-o no centro do seu coração. Centrífugo, quando o anuncia com uma necessidade existencial ("ai de mim se não evangelizar").
O dom do querigma é missionário: nessa tensão se move o coração do catequista. Trata-se de um coração eclesial que "ouve religiosamente a Palavra de Deus proclamando-a com confiança" (DV. 1).

Permita que eu insista sobre isso com vocês. Pelo fato de serem catequistas, por acompanharem o processo de crescimento da fé, por estarem comprometidos com o ensino, o "tentador" pode fazê-los acreditar que o seu âmbito de ação se reduz ao interior da vida eclesial, levando-os a permanecer em torno do templo, do adro. Isso geralmente acontece. Quando nossas palavras, nosso horizonte, têm a perspectiva de quem se fecha no seu pequeno mundo, não devemos nos assustar que nossa catequese perca a força do Querigma e se transforme num insípido ensinamento de doutrinas, na frustrante transmissão de normas morais, na experiência desoladora de semear inutilmente.

Por isso, "recomeçar a partir de Cristo" é imitar concretamente o Bom Mestre, o único que tem Palavra de Vida Eterna, e sair uma e mil vezes a caminho, em busca das pessoas em suas mais diversas situações.

"Recomeçar a partir de Cristo" é olhar para o Bom Mestre, para Aquele que soube se diferenciar dos rabinos do seu tempo porque seus ensinamentos e seu ministério não permaneciam presos no templo. Mas Ele foi capaz de se "fazer caminho", saiu ao encontro da vida do seu povo, a fim de torná-lo participante das primícias do reino.(cf. Lc 9,57-62).

"Recomeçar a partir de Cristo" é orar em meio a uma cultura agressivamente pagã, para que a alma não definhe, o coração não perca seu calor e a ação não se deixe invadir pela covardia.

"Recomeçar a partir de Cristo" é sentir-se interpelado por sua palavra, por seu envio; e não ceder à tentação minimalista de se contentar apenas em conservar a fé e ficar satisfeito por que alguns continuam frequentando a catequese.

"Recomeçar a partir de Cristo" significa empreender continuamente a peregrinação à periferia. Como Abraão, modelo do peregrino incansável, cheio de liberdade, sem medo, porque confiava no Senhor. Ele era sua força e sua segurança, por isso soube não parar na sua caminhada, porque o fazia na presença do Senhor. (cf. Gn 17,1).

Além disso, na vida de todo cristão, de todo discípulo, de todo catequista, não falta a experiência do deserto, da purificação interior, da noite escura, da obediência da fé, como a viveu nosso pai Abraão. Mas aí também está a raiz do discipulado. Os cansaços do caminho não podem acovardar e deter nossos passos, pois isso equivaleria a paralisar a vida. Recomeçar a partir de Cristo é se deixar arrancar do conforto, para não se prender ao adquirido, ao seguro, ao de sempre. E porque só em Deus descansa a minha alma, por isso saio ao encontro das almas.

"Recomeçar a partir de Cristo" supõe não ter medo da periferia. Aprendamos de Jonas. Sua figura é paradigmática neste tempo de tantas mudanças e incertezas. É um homem piedoso. Que tem uma vida tranquila e ordenada. Mas da mesma forma como, às vezes, esse tipo de espiritualidade pode nos trazer tanta ordem, tanta claridade no modo de viver a religião, pode também nos levar a enquadrar rigidamente os lugares de nossa missão, a cair na tentação da segurança do "foi feito sempre assim". E o assustado Jonas, Ele o enviou a Nínive em meio a crise, desconcerto, medo. Era uma convocação para se lançar ao desconhecido, ao que não tem resposta, à periferia do seu mundo eclesial. E por isso o discípulo quis escapar da missão, preferiu fugir.

As fugas não são boas. Muitas escondem traições, renúncias. E geralmente têm semblantes tristes e diálogos amargos. (cf. Lc 24,17-18). Todo cristão, todo discípulo, todo catequista deve estar pronto a partir à periferia, a sair dos seus esquemas; do contrário, não poderá ser a testemunha do Mestre; e, ao contrário, se converterá em pedra de escândalo para os demais. (cf. Mt 16,23).

"Recomeçar a partir de Cristo" é ter em todo momento a experiência de que Ele é nosso único pastor, nosso único centro. Por isso, concentrar-se em Cristo significa "sair com Cristo". Assim, nossa saída à periferia não será nos afastarmos do centro, mas permanecer na videira e dar, dessa maneira, verdadeiros frutos em Seu amor. (Jo 15,4). O paradoxo cristão exige que o discípulo, em seu itinerário do coração, precise sair para poder permanecer, mudar para poder ser fiel.

Por isso, desde aquela bendita madrugada histórica de domingo, ressoam no tempo e no espaço as palavras do anjo, o anúncio da ressurreição: "Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis como vos disse" (Mc 16,7). O Mestre sempre nos precede, Ele vai adiante (Lc 19,28) e, por esse motivo nos coloca no caminho, nos ensina a não ficarmos quietos. Se há algo mais oposto ao acontecimento pascal é o dizer: "Estamos aqui, que venham". O verdadeiro discípulo conhece e guarda esse mandato que lhe dá identidade, sentido e beleza à sua fé: "Ide..." ((Mt 28,19). Então, sim, o anúncio será querigma; a religião, vida plena; o discípulo, autêntico cristão.

No entanto, a tentação do fechamento em si mesmo, do medo paralisante, acompanhou também os primeiros passos dos seguidores de Jesus: "Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo..."(Jo 20,20). Hoje, como no passado, podemos ter medo. Hoje também, muitas vezes, estamos com as portas fechadas. Reconheçamos que estamos em dívida.

Hoje, quando agradeço por toda a sua entrega, querido catequista, me animo, uma vez mais, para lhe pedir: sai, deixa a caverna, abre as portas, anime-se para percorrer novos caminhos. A fidelidade não é repetição. Há a necessidade que você não deixe de pedir criatividade e audácia ao Senhor, para atravessar muralhas e esquemas, de maneira a possibilitar, como aquela saga de Paulo e Barnabé, a alegria de muitos irmãos. (At 15,3).

Convido a você a, mais uma vez, voltarmos nosso olhar e nossa oração à Virgem. Peçamo-lhe que transforme o nosso coração vacilante e temeroso, para que, como São Paulo, tornemos realidade uma Igreja fiel, que conhece feridas, perigos e sofrimentos por ter descoberto que, quando o amor nos impele, tudo é pouco para que se anuncie, na periferia, a Boa-Nova de Jesus. (2Cor 11,26).

Peço-lhe, por favor, que reze por mim para que eu também seja um bom catequista. Que Jesus abençõe você e a Virgem o proteja.
Fonte: Anunciar o Evangelho, mensagem aos catequistas.