sexta-feira, 1 de novembro de 2013

COMUNHÃO DOS SANTOS

"Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações" (At 2,42).

A expressão Comunhão significa comum união, e Comunhão dos Santos é a união comum que há entre Jesus Cristo, Cabeça da Igreja e seus membros e destes entre si. Como "santos", entende-se aqui, todos os membros da Igreja, e não somente os santos canonizados; pois todos os membros da Igreja são santos por estarem unidos a Cristo, que é a própria Santidade.

É nesse sentido que São Paulo chama de santos os destinatários de suas epístolas e São Pedro chama todo o povo cristão de uma nação santa (1Pd 2,9). Portanto, pode-se dar esse título também aos fiéis que peregrinam na terra, em razão de seu chamado à santidade infundida pelo batismo.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que a Comunhão dos Santos é a assembleia de todos os santos, ou seja, a própria Igreja. Esta expressão tem basicamente dois significados intimamente interligados: comunhão nas coisas santas e comunhão entre as pessoas santas. (CIC § 948).

Assim, "como o corpo é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo(...) Assim o corpo não consiste em um só membro, mas em muitos(...) Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos seus membros" (1Cor 12,12-27).

Uma vez que todos os fiéis formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros. Existe, sendo assim, uma comunhão dos bens da Igreja, onde o membro mais importante é Cristo por ser a Cabeça. Logo, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros e esta comunicação se faz através dos Sacramentos da Igreja. E, como a Igreja é governada pelo mesmo e Único Espírito, todos os bens que ela recebe se torna um fundo comum a todos.
No que se refere à comunhão nas coisas santas, temos o que se denomina comunhão dos bens espirituais e o Catecismo da Igreja nos ensina que:

A comunhão na fé - Os fiéis participam de uma mesma fé que é a da Igreja, transmitida pelos apóstolos, a qual é um tesouro de vida que se enriquece ao ser compartilhado;

A comunhão dos sacramentos - O fruto de todos os sacramentos pertence a todos os fiéis. Os sacramentos e, especialmente o Batismo, que é a porta pela qual se entra na Igreja, são igualmente vínculos sagrados que os unem a todos e os incorporam a Jesus Cristo. O nome comunhão pode ser aplicado a cada sacramento, pois todos eles nos unem a Deus. Contudo, mais do que qualquer outro, este nome convém à Eucaristia, por ser ela principalmente que consuma esta comunhão.

A comunhão dos carismas - O Espírito Santo distribui seus dons entre os fiéis, no qual a cada um é dado manifestá-lo de forma diferente para edificação da Igreja, como observamos em 1Cor 12,4-11.

A comunhão dos bens materiais - Tudo aquilo que o cristão possui deve considerar como um bem que lhe é comum com todos, ou seja, deve estar pronto e disposto a ir ao encontro do indigente e da miséria do próximo.

A comunhão na caridade - "Ninguém de nós vive para si ou morre para si mesmo" (Rm 14,7); "A caridade não busca seu próprio interesse" (1Cor 13,5). "O menor dos nossos atos praticados na caridade irradia em benefício de todos, nesta solidariedade com todos os homens, vivos ou mortos, que se funda na comunhão dos santos. Todo pecado prejudica esta comunhão." (CIC § 953).

A comunhão entre as pessoas santas - Há a comunhão entre a Igreja do Céu e da terra, a qual está fundada na unidade entre os três estados da Igreja:

Igreja Peregrina: O povo que peregrina na terra caminhando rumo ao céu;

Igreja padecente ou sofredora: Aqueles que já encerraram seu percurso na terra, mas que ainda estão em estado de purificação;

Igreja Triunfante: Aqueles que terminaram sua caminhada na terra e se encontram na glória de Deus.

Todos os três estados da Igreja formam uma só Igreja e estão unidos entre si por comungarem da mesma caridade com Deus e com o próximo, por terem Cristo como única Cabeça na qual a vida que anima a todos é graça divina.

Existe uma imensa solidariedade entre os fiéis de Cristo uns com os outros e com os demais homens, e o Papa João Paulo II a lembra na sua Exortação Apostólica Reconciliação e Penitência: "A solidariedade, em nível religioso, se desenvolve no profundo e magnífico mistério da Comunhão dos Santos, graças à qual se pode dizer que cada alma que se eleva, eleva o mundo inteiro. A esta lei da elevação corresponde, infelizmente, a lei da descida, de modo que se pode falar de uma comunhão no pecado, em razão da qual uma alma que se rebaixa pelo pecado arrasta consigo a Igreja e, de certa maneira, o mundo inteiro.

Por outras palavras, não há nenhum pecado, mesmo o mais íntimo e secreto, o mais estritamente individual, que diga respeito exclusivamente àquele que o comete. Todo pecado repercute, com maior ou menor veemência, com maior ou menor dano, em toda estrutura eclesial e em toda a família humana." (nº.16).

Sendo assim, pelo fato dos habitantes do Céu estarem mais intimamente unidos a Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Logo, não deixam de interceder por nós junto ao Pai, cabendo-nos também pedir-lhes intercessão, pois por meio da fraterna solicitude deles nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio.

A Igreja terrestre, reconhecendo a comunhão de todo o corpo místico de Cristo (LG 50), declara que desde o início venerou com piedade a memória dos defuntos, orando por eles.
É com "muita razão que a Igreja supõe que as almas dos mortos rezam também por nós, pois a união dos que estão na terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo não se interrompe de forma alguma. Pela fé da Igreja reforça-se esta união pela comunhão dos bens espirituais." (LG 49).
Toda a veneração que prestamos aos santos visa também à pessoa do próprio Cristo, pois Ele é a coroa dos Santos. (Mac 12,46; Tg 5,16).

Fonte: Arquidiocese de Niterói - 16ª Catequese - Catecumenato Jovens e Adultos.
A Comunhão dos Santos.

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