quinta-feira, 4 de abril de 2013

COMO FAZER INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ



COMO FAZER

A Iniciação Cristã de Adultos

O Pré-Catecumenato

  1. O Pré-Catecumenato é um excelente momento de evangelização, escuta e diálogo para que a pessoa sinta-se amada por Deus e motivada a ingressar no Catecumenato. Por isso, aquele que vem buscar os Sacramentos deve ser acolhido em qualquer tempo, sendo impossível estabelecer uma data e uma única maneira de recebê-lo, para que seja iniciado o processo catecumenal. Para tanto, o RICA apresenta a figura dos introdutores como ministério específico da Iniciação Cristã de Adultos.

A figura do Introdutor

  1. O introdutor é o semeador que vai preparar o terreno para que a semente da fé possa florescer e dar frutos[1],  anunciando o kérigma com seus principais conteúdos, auxiliando o candidato na descoberta pessoal da Boa Nova de Jesus Cristo e acompanhando o processo de conversão[2].

  1. Em todas as pastorais, associações e movimentos da Paróquia - em especial aquelas que recebem os que ainda não estão na caminhada eclesial mas podem vir a ser despertados para uma vida na fé (Círculos Bíblicos, Encontro de Casais, Grupos de Oração, Catequese Infantil e outros), podemos encontrar pessoas que, naturalmente, se enquadram no perfil necessário ao introdutor: 
·     uma pessoa de fé,
·     já iniciada na vida cristã[3]
·     constante à vida litúrgica da comunidade e à comunhão eucarística,
·     orante,
·     atenta à palavra de Deus e à vida,
·     fiel ao magistério da Igreja,
·     amiga dos irmãos e irmãs,
·     solidária com os pobres,
·     respeitosa com todas as religiões e aberta ao catolicismo popular,
·     simples no relacionamento pessoal.

Enfim, pessoas simpáticas, acolhedoras, que saibam ouvir e dialogar.

  1. Desse modo, a evangelização do candidato pode ser feita dentro do próprio serviço ou espiritualidade que o acolheu inicialmente.

  1. No Conselho Paroquial ou em reunião da comunidade devem ser levantados os nomes de pessoas que se enquadrem nos critérios estabelecidos. Os irmãos indicados devem ser consultados e, confirmado o dom e a disponibilidade, devem ser instruídos sobre introdução e acompanhamento na fé.  Este seria o primeiro passo para conseguirmos estabelecer um ministério integrado na pastoral de conjunto.

  1. Sugere-se, ainda, que haja uma dinamização que integre os futuros introdutores entre si para um melhor rendimento em seu serviço pastoral.

A preparação dos Introdutores

  1. Cabe à comunidade paroquial (ou ao Vicariato) preparar os seus introdutores, com um período de formação que abrangerá os seguintes temas:
·     A meta da Iniciação Cristã: onde queremos chegar?
·     O que é Catecumenato;
·     O RICA e suas etapas;
·     O acompanhamento espiritual e a atitude do Introdutor;
·     A Sagrada Escritura;
·     Aprofundamento dos capítulos 5 a 7 do Evangelho de São Mateus.


O primeiro contato com o simpatizante

  1. A primeira abordagem com a comunidade é fundamental para o início do pré-catecumenato. Este contato pode ser feito através da secretaria paroquial ou de agentes de pastoral que encaminharão a pessoa à equipe da iniciação cristã. É importante anotar nome, telefone, e-mail ou outra forma de comunicação para que o introdutor entre em contato com o simpatizante para marcar uma entrevista.

  1. Nesta entrevista individual será preenchida uma ficha (modelo abaixo) e solicitado um retrato. Isto é importante para que a equipe de catequistas e introdutores identifique melhor os que estão sendo acolhidos.

Os Encontros de Acompanhamento

  1. Se possível, os não-batizados sejam atendidos individualmente, uma vez que, no tempo do catecumenato estes deverão formar um grupo distinto dos já batizados. Pastoralmente, já foi comprovada a necessidade desta separação.

  1. Na impossibilidade de se ter um introdutor para cada simpatizante já batizado que vá receber a Crisma e/ou Eucaristia, ou mesmo aquele que já recebeu os sacramentos mas deseja aprofundar sua fé, este deve ser inserido em um grupo (no máximo de 6 pessoas) com o qual tenha maior afinidade, seja por grau de caminhada, faixa etária, estado civil ou outros critérios estabelecidos pela paróquia. Quanto mais personalizado for o acompanhamento, maiores serão os rendimentos e mais solidificada será esta primeira etapa do processo catecumenal.

  1. As ocasiões de contato e de acompanhamento dos simpatizantes também podem acontecer fora dos limites paroquiais, o que ajuda a desenvolver o zelo apostólico e a vocação missionária do introdutor que  testemunha sua fé em todos os lugares e circunstâncias.

O exercício do  ministério

  1. É importante que o introdutor tenha a consciência de que não é catequista, por isso não deve ter a preocupação de esgotar todos os assuntos da fé, e também não é psicólogo, isto é, não está ali para desenvolver nenhum tipo de tratamento ou terapia.  A função do introdutor, ainda, é diferente daquela exercida pelo ministério do acolhimento. Ele introduz plenamente na comunidade aquele que foi inicialmente acolhido.

  1. O introdutor é um amigo que, partilhando sua própria experiência com o candidato, vai ajudá-lo a caminhar na fé, a estabelecer e firmar uma relação pessoal com Deus e com a comunidade.

  1. O acompanhamento espiritual, dado pelos introdutores no início da caminhada de fé, tem as seguintes finalidades:
·     auxiliar a atuação do Espírito Santo, que realiza a iniciação da pessoa na vida de Cristo e da Igreja;
·     ajudar na compreensão do Evangelho e na adesão à Pessoa de Jesus Cristo;
·     estimular a pessoa no processo de conversão e vivência do Evangelho;
·     clarear, motivar e orientar a leitura bíblica e a oração pessoal. 

O Conteúdo do Acompanhamento

  1. Em qualquer situação, a evangelização deve acontecer num clima de acolhimento, com linguagem acessível e em tom coloquial para que as pessoas sintam-se à vontade em participar.

  1. Durante o acompanhamento, as dúvidas e questões levantadas pelo simpatizante devem ser consideradas, mas os seguintes temas querigmáticos iluminarão as conversas semanais entre introdutor e simpatizante:

1 – O Amor de Deus;
2 – O pecado e suas conseqüências no mundo;
3 – Jesus Salvador e Redentor dos homens;
4 – A fé e a conversão;
5 – O Espírito Santificador;
   6 – A Igreja,  luz dos povos e sacramento de Jesus.

  1. É sempre importante utilizar a Sagrada Escritura como base de todo o processo. Para auxiliar, um pequeno roteiro para as conversas pode ser elaborado tendo como base Mt 5-7, uma vez que esses capítulos concentram os seguintes ensinamentos: quem somos, como somos amados, como devemos enfrentar as situações e quais devem ser as nossas atitudes para que possamos dar testemunho de Jesus Cristo.

Indicações importantes

Sobre Deus

  1. Levar a pessoa a externar sua noção de Deus por meio de interpelações do tipo: Deus existe? Como você conhece a Sua existência? Como você chega à Ele?  Qual a importância de Deus em sua vida?

  1. Tentar identificar, então, o que há de verdadeiro na concepção manifestada e quais as possíveis deformações. Algumas poderiam ser, por exemplo, uma compreensão equivocada da natureza de Deus [ex.:“é uma força, uma energia” (noção impessoal da divindade), “somos parte de Deus” (no sentido panteísta), etc, ou dos atributos divinos, como dúvidas sobre a bondade ou a justiça divinas, e outras. É útil ter presente, aqui, o histórico religioso da pessoa, porém com total acolhimento e fraternidade.

  1. Incentivá-la a falar de sua relação com Deus, de sua experiência de vida com Ele: Qual é sua atitude predominante diante dEle? Indiferença? Medo? Interesse? Gratidão? Admiração? Louvor? Alegria?

  1. Tentar identificar os pontos positivos desta relação com Deus e as eventuais dificuldades. Neste ponto, deve-se considerar, ao lado das dificuldades manifestadas, o histórico familiar da pessoa. Pode ocorrer que sentimentos de revolta, rancor, carências diversas, problemas com familiares e, por conseguinte, com autoridades em geral, estejam à raiz de um relacionamento difícil com Deus, ou melhor, com a figura falseada que d’Ele se tem.

  1. É importantíssimo que todo o diálogo desemboque na consideração do amor e da bondade de Deus. Pela oração e pelo diálogo, a pessoa deve ser ajudada a perceber-se amada por Deus. Pode-se acenar na direção do kérigma: o Amor de Deus manifestado na Cruz de Cristo. Levar a pessoa à percepção de que sua busca pelo Batismo/Crisma/Eucaristia é uma resposta à ação do Amor de Deus em sua vida e que, portanto, “Deus nos amou primeiro”.  Antes que você O procurasse, Ele o procurou e você não O procuraria se, antes, Ele já não o tivesse buscado e tocado.[4]

A Bíblia

  1. Apesar do RICA dar ênfase à Bíblia somente a partir da celebração de entrada no catecumenato, onde se intensifica uma familiaridade maior com a Palavra de Deus, convém que o introdutor verifique se a pessoa acompanhada tem o hábito de lê-la e como o faz, motivando-a para que comece a prestar mais atenção ao que Deus nos fala, principalmente através da Liturgia da Palavra.

  1. Caso não tenha o costume de ler a Bíblia:
·     falar do seu valor, lembrando que foi o Espírito Santo quem a inspirou[5];
·     ensinar a manusear a Sagrada Escritura;
·     indicar passagens especiais e onde se encontra a citação das leituras diárias;
·     sugerir a leitura diária do texto sagrado, propondo que comece a ler o Evangelho do dia e a procurar nele a mensagem de Deus para  sua vida;
·     sugerir que seja guardada de memória uma frase da leitura (ou mesmo uma palavra) para ser lembrada ao longo do dia, podendo ser um ponto de partida para breves orações.

Oração pessoal

  1. Verificar se a pessoa tem o costume de orar, como, quando e de que modo é sua oração - a quem se dirige, se usa orações decoradas ou espontâneas.

  1. Sabemos que a entrega do Pai Nosso corresponde a uma fase precisa do catecumenato. Mas nada impede que tal oração já seja ensinada antes como modelo e inspiração da oração cristã, dada que é uma oração conhecida por todos, em especial, pelos adultos. Também pode ser apresentado o conhecido esquema de uma boa oração pessoal:
·     louvor e ação de graças;
·     reconhecimento dos pecados e pedido de perdão (não substitui o Sacramento da reconciliação ou penitência que somente os já batizados podem receber);
·     apresentação das necessidades próprias e/ou alheias.

  1. Incentivar o desenvolvimento da sensibilidade para a presença atuante de Deus nos fatos da vida, além do momento diário reservado à oração propriamente dita. O processo de conversão inclui uma atenção permanente, portanto, nos diversos acontecimentos do nosso dia a dia podemos perceber que Deus está constantemente falando conosco através do que ouvimos, vemos, lemos ou podemos constatar.

Atitudes do introdutor

  1. No primeiro encontro:
· apresentar-se com simplicidade;
· pedir que a pessoa acompanhada fale de si mesma (nome, família, trabalho, expectativas...);
· pedir que fale de sua história religiosa e do porquê veio para a comunidade;
· ajudá-la a falar de seus desejos, esperanças, alegrias, dores e lutas;
· como um amigo que partilha experiências com outro, falar de sua própria experiência com Jesus;
· falar sobre o acompanhamento espiritual (o que é, como e onde vai acontecer);
· colocar-se à disposição da pessoa e marcar a próxima conversa.

  1. Em caso de acompanhamento individual, de comum acordo, interessado e introdutor devem combinar o horário que melhor se adapte às suas disponibilidades: uma vez por semana, a cada quinzena ou uma vez por mês. O que está previsto para cada conversa pode ser dividido em duas ou mais. O importante é que aconteça de forma natural e profunda.

  1. A cada novo encontro perguntar:
·     pela vida da pessoa;
·     como tem sido o conhecimento de Jesus e seu Reino;
·     como tem vivido a fé na sua vida (progressos, dificuldades, crises, decisões...);
·     como vai a leitura bíblica;
·     como vai a oração pessoal.

  1. Ao longo do acompanhamento e, em cada conversa, os introdutores devem ter as seguintes atitudes:
·     começar e terminar sempre cada conversa com uma oração conhecida, podendo ser acrescentada alguma prece espontânea;
·     ter a Bíblia sempre à mão;
·     assumir uma atitude de abertura e simpatia para com a pessoa acompanhada;
·     ouvir com paciência, sem tentar corrigir imediatamente ou de modo inadequado, possíveis conceitos errôneos que surjam[6], acolhendo sem preconceito suas experiências religiosas e suas motivações;
·     falar sempre com simplicidade, evitando “lição de moral” e todo tipo de superioridade;
·     interessar-se por aquilo que a pessoa fala de si e de sua vida e valorizá-la.

  1. Atitudes pessoais:
·     lembrar em sua oração das pessoas que acompanha;
·     lembrar, sempre que possível, nas Preces da Comunidade e em outros momentos de oração comunitária, de todos os que estão fazendo o caminho da fé.

O acompanhamento espiritual

  1. Como as conversas são informais e não têm um caráter específico de formação, deve ser anotada a data em que as mesmas ocorreram.  As informações importantes devem ser anotadas logo após para que nada se perca, porém não devem ser feitas na presença do candidato.

  1. Exemplo de dados a serem registrados:
·     o motivo que o levou a procurar a Igreja;
·     quem incentivou para que participasse do processo;
·     idade;
·     estado civil - se é casado no civil e na igreja;
·     número de filhos, se houver;
·     escolaridade;
·     trabalho;
·     como se relaciona;
·     se já freqüentou ou freqüenta outras religiões;
·     quais os Sacramentos que já recebeu;
·     como participa da Igreja e o que espera dela;
·     dificuldades apresentadas que devem ser trabalhadas.

  1. Os tópicos apresentados não são obrigatórios nem esgotam todas as possibilidades, cabendo ao introdutor discernir o que deve ser anotado. O introdutor anexará na ficha do simpatizante todas as observações relevantes após as conversas semanais. Qualquer impedimento constatado deverá ser levado, posteriormente, ao pároco e à equipe da Iniciação Cristã de Adultos para que seja estudado o melhor meio de se resolver a situação.

  1. Os introdutores se reunirão periodicamente com os catequistas e o sacerdote assistente para troca de informações sobre os seus simpatizantes.

O acolhimento na comunidade

  1. O próximo passo é o acolhimento destes irmãos e irmãs, em nível comunitário. Isso deve ser feito segundo as condições e conveniências locais, em alguma reunião ou encontro da comunidade. Apresentado por um amigo ou pelo introdutor, o interessado é saudado e recebido, com palavras espontâneas, pelo sacerdote ou algum membro designado pela comunidade. Neste acolhimento, o interessado não manifesta ainda sua fé, mas somente sua reta intenção[7] - seu desejo de participar do catecumenato.

  1. Uma vez que o adulto pode ser recebido a qualquer tempo, poderia ser feita, periodicamente, a critério da equipe, uma reunião com todos os que estão sendo acompanhados, pois seria um modo simpático de se apresentar os mais novos e, assim, todos poderiam partilhar a experiência de cada um.

Conclusão do Pré-Catecumenato

  1. O Pré- Catecumenato não tem um período de tempo determinado, mas estima-se que a sua duração mínima seja de dois a três meses, caso os encontros sejam semanais.

  1. Terminando este tempo, os introdutores deverão perguntar a cada simpatizante se ele se considera preparado e disposto a avançar em sua caminhada na vida cristã, assumindo o compromisso de uma formação mais intensa.

  1. Com base no parecer do simpatizante e a partir de uma avaliação pessoal, fruto de seu convívio com o mesmo, os introdutores se reunirão com os catequistas e o padre para avaliar se os pressupostos dos n. 68 e 69 do RICA foram alcançados e chegarem a um consenso sobre aqueles que estão aptos a participar do Rito de Admissão ao Catecumenato.[8]

  1. Aqueles candidatos que ainda não estão aptos ou necessitam de um tempo maior devem ser orientados a continuar no tempo do pré-catecumenato por mais algum tempo.

  1. Antes da admissão ao catecumenato, convém se promover um encontro de confraternização de todos os simpatizantes para entrosamento, apresentação dos catequistas e dos grupos que serão formados e explicação do rito. A presença e a palavras de acolhimento do pároco são de fundamental importância neste dia.

  1. A proximidade do Rito de Admissão ao Catecumenato é o momento propício para se solicitar a certidão de nascimento não batizados, assim como a certidão de batismo dos já batizados. Muitos vão demorar a conseguí-la e os problemas que, porventura, surjam poderão ser sanados durante o tempo do catecumenato. Com a certidão em mãos, os catequistas poderão preencher os dados que faltam na ficha dos catecúmenos/catequizandos (filiação, data de nascimento).

  1. Será interessante também que a pastoral da comunicação da paróquia organize um meio de divulgar para a comunidade quem são os simpatizantes, colocando um cartaz em um local visível ou através do jornal paroquial, para que a comunidade os reconheça e possa demonstrar sua alegria em recebê-los.

  1. A celebração do Rito de Admissão ao Catecumenato pode ser realizada durante a missa ou fora dela como indica o próprio RICA. Contudo, é recomendável que se faça durante uma das missas dominicais. A descrição do rito encontra-se no RICA, n. 73 a 97.

  1. É importante que seja considerada e distinção feita pelo Capítulo IV do RICA no que diz respeito aos candidatos que já foram batizados na infância. Estes devem participar do Rito de Admissão ao Catecumenato ao lado dos demais apenas a partir da "entrega do livro da Palavra de Deus" (n. 93) porque no dia de seu batismo eles já foram conduzidos por Deus, receberam a fé e foram assinalados com o sinal da cruz.

  1. É muito importante que cada etapa seja preparada cuidadosamente e celebrada solenemente para que, tanto os candidatos como a comunidade, tomem consciência da importância e da riqueza dos ritos.

  1. A paróquia deve providenciar também um livro em que fique registrado: a data da admissão e o nome do celebrante do rito, o nome do admitido, para quais sacramentos está se preparando, o nome do introdutor.

(Rito de Admissão ao Catecumenato)

O Catecumenato

  1. Os simpatizantes admitidos ao catecumenato, agora candidatos à recepção dos sacramentos da iniciação cristã, serão chamados catecúmenos, se ainda não batizados, ou catequizandos se ainda lhes falta completar a iniciação (Primeira Comunhão e/ou Crisma), e começam um novo momento no seu processo de caminhada cristã.

  1. “Para todos a catequese quer garantir uma formação integral, num processo em que estejam presentes a dimensão celebrativo-litúrgica da fé, a conversão para atitudes e comportamentos cristãos e o ensino da doutrina: é a inspiração catecumenal que deve iluminar qualquer processo catequético.”[9]

  1. Todos aqueles que iniciaram o catecumenato serão, agora, conduzidos por um catequista que os acompanhará durante esta etapa. No entanto, o vínculo que foi estabelecido com o seu introdutor não deve ser perdido.

  1. No tempo do catecumenato os grupos podem ser organizadas de acordo com vários critérios: faixa etária, horários disponíveis, catequistas mais adequados aos grupos, etc., mas é fundamental que os não batizados formem um grupo distinto dos já batizados.

  1. Para melhor acompanhamento, cada grupo não deve ter mais que xx catecúmenos ou catequizandos.

  1. Os encontros devem ter duração de 2 a 3 horas, no máximo, e ser orientados (ministrados) pelo catequista, com o máximo de recursos possíveis (audio-visual, dinâmicas de grupo) para uma maior apreensão do tema proposto e integração do grupo, levando à participação de todos, pois este é um período onde se procura solidificar um maior comprometimento com a fé e responsabilidade por parte dos catecúmenos/ catequizandos.

  1. Temas das Catequeses

I - História da Salvação – Credo – Eu creio, nós cremos

A)     Início dos Tempos: Creio em Deus Pai
- Criação e pecado
- Patriarcas
- Exílio e libertação (Antiga Páscoa, Aliança e Mandamentos)
- Juízes e Terra Prometida
- Reis e a divisão de Israel
- Profetas e a vinda do Messias

B)     Plenitude dos Tempos: Creio em Jesus Cristo
- A encarnação do Verbo – Maria, Mãe de Deus
- A pregação de João Batista
- O anúncio do Reino
- Discipulado e seguimento
- Anúncio da Paixão – subida à Jerusalém – Última Ceia
 - Jerusalém – Paixão e Morte
 - Ressurreição e Dom do Espírito Santo aos Apóstolos
 - Ascensão e envio

C)     Os últimos Tempos: Creio no Espírito Santo, Creio na Igreja Católica
- Pentecostes
- Missão dos Apóstolos
- Maria, Mãe da Igreja
- Igreja: luz dos povos
- Igreja: hierarquia, ministérios, carismas e serviços
- A Igreja no mundo de hoje
- Os Novíssimos

(Celebração de entrega do Credo somente para os catecúmenos, RICA, n. 181-187)[10]
Pendência: RICA 302 indica que pode ser entregue também aos já batizados

II – Liturgia –  Celebrando a nossa fé

A)      Introdução aos sacramentos - Jesus nos dá a vida de Deus
 - Os sacramentos da iniciação cristã: Batismo,Crisma,Eucaristia
                    - Os sacramentos da cura: Penitência, Reconciliação, Unção dos enfermos
 - Os sacramentos de serviço e comunhão: Ordem, Matrimônio  

B)      Liturgia da Missa

C)     As outras celebrações litúrgicas
- Os sacramentais
                  - Os funerais cristãos
                  - A última Páscoa do cristão
                  - A celebração dos funerais

D)     Ano litúrgico

III – Mandamentos - Vivendo a nossa fé
- Os 3 primeiros mandamentos(amor a Deus)
- Os 7 últimos mandamentos(amor ao próximo)
- O Mandamento do Amor
- Os Mandamentos da Igreja


IV – Oração Cristã
- A oração na vida cristã (Importância, expressões, formas e fórmulas da oração)
- A oração do Senhor: O Pai-Nosso

(Celebração de entrega do Pai Nosso somente para os catecúmenos, RICA, n.190-192)[11]
PENDÊNCIA: (RICA 302 indica que pode ser entregue também aos já batizados).


  1. Além destes temas, outros podem ser acrescentados, de acordo com as necessidades do grupo e o momento histórico-eclesial que vivemos, baseando-se no princípio metodológico da interação entre fé e vida [12].

  1. É indispensável, também, a participação nas celebrações dominicais como indica o n. 107 do RICA.

  1. Torna-se importante uma reunião mensal dos catequistas, para troca de informações sobre o desenvolvimento dos candidatos, além de espaço para planejamento, estudo e oração.

  1. “Sendo apostólica a vida da Igreja, aprendam também os catecúmenos (e catequizandos), pelo testemunho da vida e pela profissão da fé, a cooperar ativamente para a evangelização e edificação da Igreja[13]”. Portanto, eles devem ser estimulados a participar das pastorais durante este tempo.

O Desenvolvimento da Catequese

  1. Recomendamos que os encontros de catequese sejam concluídos ou iniciados com uma breve "Celebração da Palavra" como indicado no nº 100, com a finalidade de levá-los a uma maior participação no tempo litúrgico, a partir dos temas catequéticos desenvolvidos. PENDÊNCIA: Dá idéia de que são em todos os encontros. Como os catecúmenos e catequizandos e crismandos participam da Santa Missa, não será necessário Celebração da Palavra em todos os encontros, além do mais, tal procedimento estenderia por demais os encontros. O número 100 diz que haja celebrações da Palavra, mas não em todos os encontros. Ver também 106-108.

  1. Também é indicado que, ao final de cada encontro, lhes seja dado um versículo ou um trecho da Sagrada Escritura para que meditem e discutam no próximo encontro.

  1. Ao final de cada catequese, o catequista, se for autorizado pelo pároco, poderá realizar no próprio encontro catequético, a oração de exorcismo e de benção, seguindo o modelo proposto pelos n. 101 e 102. Se oportuno for, estas duas ações (exorcismo e benção) podem ficar reservadas ao sacerdote para serem feitas aos domingos após a homilia da missa em que se encontrarem os catecúmenos. Estas ações são aplicáveis somente aos catecúmenos.

  1. Durante o tempo do catecumenato, é recomendável que sejam promovidos dias de aprofundamento e convivência, retiros, horas santas, terços, para que os catecúmenos/catequizandos possam aprofundar na espiritualidade e convivência fraterna.

  1. Durante este tempo, é importante que a família e os padrinhos também sejam envolvidos.

A escolha do Padrinho

  1. Durante o tempo do catecumenato o catecúmeno escolherá o seu padrinho ou madrinha como indica o RICA, n. 104 e 299. O padrinho irá desempenhar o seu papel segundo o indicado no n. 43 do RICA.


Conclusão do Catecumenato – Rito da Eleição

  1. Terminado o tempo correspondente ao período do catecumenato, os catequistas deverão perguntar a cada candidato se ele considera-se preparado e disposto a assumir o compromisso de uma preparação mais imediata para a iniciação sacramental. Depois, junto com o sacerdote, o grupo de catequistas avaliará se as disposições do n.134 e 137 foram alcançadas e chegarão a um consenso sobre aqueles que estão aptos para participarem do Rito de Eleição (Cf. n. 23 da Introdução, RICA).

  1. Toda organização do Processo da Iniciação Cristã deve ser de tal forma disposta que favoreça ao máximo a coincidência do Rito da Eleição com o primeiro Domingo da Quaresma ( Cf. n. 133 e 139). Contudo, se o rito não for celebrado nesse domingo, conforme o indicado no n.140, a celebração do Rito da Eleição poderá ser feita em um outro dia. Caso as leituras da missa do dia não forem adequadas, escolham-se outras indicadas para o Primeiro Domingo da Quaresma no próprio Lecionário Dominical. Pode-se, ainda, ser celebrada a missa ritual própria (Cf. n. 140 141). Lembramos apenas que torna-se necessária a exclusão ou adaptação dos textos e trechos que façam menção a Quaresma se o rito não estiver sendo feito no período imediatamente anterior a Quaresma.

  1. O Rito começa após a homilia quando será feita a apresentação dos candidatos ao padre presidente da celebração. Esta apresentação deve ser feita tanto para o catecúmeno propriamente dito quanto para os já batizados na infância; contudo, para estes o texto precisa ser devidamente adaptado, trocando-se a frase “lhes seja permitido participar dos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia” por “lhes seja permitido completar o seu processo de Iniciação Cristã participando dos sacramentos da Confirmação e da Eucaristia.” (Cf. n.143), seguindo-se o rito sem alterações.

  1. “Depois da celebração do rito sejam oportunamente anotadas em livro próprio os nomes dos catecúmenos, com a indicação do ministro, dos introdutores e dia e lugar da admissão” (RICA, nn. 17 e 22).

Purificação e Iluminação

  1. Este é o tempo de preparação imediata anterior à recepção dos Sacramentos. Para os catecúmenos, os não-batizados que se candidatam à Iniciação Cristã, este tempo deve ocorrer, na Quaresma. Para os catequizandos, candidatos à Eucaristia e Crisma, este tempo poderá ocorrer em outra época do ano litúrgico.

  1. Nesse tempo, os que são catecúmenos se entregam ao recolhimento espiritual com a comunidade dos fiéis, a fim de se prepararem para as festas pascais e a iniciação nos sacramentos. Para isso lhes são proporcionados os escrutínios (Cf. n. 152). Em cada uma das celebrações, neste tempo, os catequizandos, acompanharão os catecúmenos em sinal de fraterna  comunhão.

  1. Os escrutínios tem a finalidade sobretudo espiritual, para se purificar os espíritos e os corações, fortalecer contra as tentações, orientar os propósitos e estimular as vontades, para que os catecúmenos se unam mais estreitamente a Cristo e reavivem seu desejo de amar a Deus (Cf. n. 154).

  1. Os escrutínios são ao todo três, e devem ser celebrados nos 3º, 4º e 5ºdomingos da Quaresma por causa dos temas da Liturgia da Palavra destes domingos (é importante que seja feito o uso dos textos do Ano A do Lecionário Dominical para estas celebrações, em favor dos eleitos). Recomenda-se que uma das missas dominicais seja escolhida para a cerimônia do escrutínio dos eleitos (Cf. nn. 157-159).

  1. O rito começa logo após a homilia, conforme indica o n. 162 a 164. Com relação à saída dos eleitos mencionada no n. 165, fica a critério de cada comunidade estabelecer o costume ou não. Contudo, a saída não pode ser determinada para os que já foram batizados na infância.

  1. Com o encerramento dos temas catequéticos, este momento se destina a uma intensa preparação espiritual. No Ano A, a liturgia dominical segue com os seguintes temas, a saber:

1° domingo: As tentações de Cristo: Mt 4,1-11  - Rito de Eleição
2° domingo: A Transfiguração do Senhor: Mt 17, 1-9
3° domingo: Cristo é água viva: Jo 4,1-42 (A samaritana) - 1° escrutínio
4° domingo: Cristo é a Luz do mundo: Jo 9,1-41 (Cura do cego de nascença) - 2° escrutínio
5° domingo: Cristo é a ressurreição e a vida: Jo 11,1-43 - 3° escrutínio

  1. Quando o tempo da purificação dos já batizados não for possível se realizar na quaresma, pode-se, assim mesmo seguir a sugestão acima. Além de trabalhar os seguintes temas:

.A vida nova em Cristo: Col 3,1-17 (O homem novo)
            .A vida no Espírito Santo: Rm 8,8-11
            .Os frutos da carne e os frutos do espírito (Gal 5,16-26) / Is 61,1-3 / Is 11,1-3

  1. No caso dos catecúmenos, a recepção dos Sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia, ocorre durante a celebração da Vigília Pascal, pelo próprio Pároco. Os já batizados poderão ter a data da Primeira Eucaristia e Crisma marcadas em outra época, de preferência durante o tempo pascal.[14]

Rito de Preparação Imediata

  1. Estes ritos são propostos para uma maior preparação, recolhimento e oração dos eleitos para a cerimônia do Sábado Santo, por isso devem ser feitos pela manhã. Todos os eleitos são chamados a participar. A celebração se inicia conforme o indicado no n.194. A cerimônia segue como está prescrita no livro do RICA até o "rito do Éfeta" no n. 202. Por razões culturais, omite-se a "escolha do nome cristão" (n. 203 ao 205). Logo após seja feita a "Unção pré-batismal" (Cf. 206-207 e 218), apenas nos eleitos que forem catecúmenos, conforme indicado nos n. 130-131. Terminada a unção o presidente despedirá a assembléia para o reencontro na celebração da Vigília Pascal.

A Celebração da Iniciação Cristã

  1. A Celebração deverá seguir as instruções do RICA (Cf. 210-234) na Vigília Pascal. Destacamos apenas que os já batizados não deverão tomar parte em nenhum dos ritos batismais, a não ser juntamente com toda a assembléia na hora da renovação do batismo.

A Mistagogia

  1. Neste tempo os iniciados se reunirão com um catequista, para, de modo dinâmico e interativo, aprofundarem os elementos celebrados na cerimônia de iniciação cristã e desenvolverem mais intensamente a vida cristã que iniciaram.

  1. Temas a serem desenvolvidos pelo grupo, sempre em paralelo com o Ano Litúrgico e suas celebrações:

Grupo A: Quando a mistagogia ocorre no tempo pascal:
             Primeira semana:A paz esteja convosco...(Jo 20,19-25)
             Segunda semana:Felizes os que não viram e creram...(Jo 20,26-29)
             Terceira semana: Fica conosco Senhor... (Lc 24,13-35)
             Quarta semana: Minhas ovelhas ouvem a minha voz... (Jo 10,1-30) 
             Quinta semana: A videira e os ramos... (Jo 15,1-8)
             Sexta semana:(Oração Sacerdotal) Confirma-nos na verdade...(Jo 17,1-26) 
             Sétima semana: Ide e pregai o evangelho... (Mt 28,16-20 / Mc 16,15-20 / Lc 24,46-53)

Grupo B: Quando o tempo da mistagogia não for possível se realizar no tempo pascal, pode-se assim mesmo, seguir a sugestão acima, além de trabalhar os seguintes temas:
        . A importância dos carismas - Vocação do cristão :( Rm 12,3-13 / 1Cor 12,4-11)
        . A Igreja no mundo - A evangelização inculturada: Serviço, diálogo, anúncio, testemunho de comunhão
        . A vocação como dom de Deus
        .Ser cristão é ser missionário (Mt 28,16-20)




[1] Cf. Mt 13, 4-9
[2] Cf. RICA 42
[3] Que já tenha recebido os Sacramentos da Iniciação Cristã
[4] cf. Confissões de Santo Agostinho
[5]  DV 11 “Na redação dos livros sagrados Deus escolheu homens dos quais se serviu, fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo Ele próprio neles e por eles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele próprio quisesse.”
[6] DGAE/RJ 31
[7] RICA 11,12
[8] “Para esse primeiro passo, requer-se que os candidatos já possuam os rudimentos da vida espiritual e os fundamentos da doutrina cristã, a saber: a fé inicial adquirida no tempo do pré-catecumenato, o princípio de conversão e o desejo de mudar de vida e entrar em relação pessoal com Deus, em Cristo; já tenham, portanto, certa idéia de conversão, o costume de rezar e invocar a Deus, e alguma experiência da comunidade e do espírito dos cristãos” (RICA, nº 15).
[9] Diretório Nacional de Catequese, CNBB, nº 45
[10] Seja esta celebração feita na presença da comunidade dos fiéis depois da liturgia da Palavra em uma missa durante a semana, porque, se preciso for, poderão ser feitas leituras apropriadas (sugeridas no próprio Ritual). Nesta cerimônia terão participação integral os catecúmenos propriamente ditos.  PENDÊNCIA: ((Aqueles que já tiverem sido batizados na infância, logo após a profissão de seus companheiros, serão convidados a renovar as promessas do batismo em sinal de testemunho e compromisso com o Senhor que os chama à vida cristã. Logo após seja feita a “Oração sobre os Catecúmenos” n. 187, com as devidas adaptações de texto para aqueles já batizados, conforme indicada no próprio Rito da Entrega do Símbolo Apostólico.)) Não entendi esta parte.  Os catecúmenos farão profissão ? No RICA 183 diz que os eleitos receberão o Símbolo (neste dia)  e o recitarão no dia do Batismo. No 186 expressa que quem preside diz ao catecúmenos que eles escutarão as palavras da fé e começa dizendo o Símbolo e continua sozinho ou com a comunidade.


[11] Seja também esta celebração feita na presença da comunidade dos fiéis depois da liturgia da palavra em uma missa durante a semana, porque, se preciso for, poderão ser feitas leituras apropriadas (sugeridas no próprio Ritual). Nesta cerimônia terão participação integral os catecúmenos propriamente ditos e também aqueles que foram batizados na infância e agora completem a sua iniciação, contudo para estes o texto deverá ter pequenas correções para fazer menção ao batismo já recebido e evidenciar o compromisso com o plano do Senhor.
[12] Diretório Nacional de Catequese, CNBB, nº 152
[13] RICA, n.19
[14] RICA,  n. 304

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