Formação
iniciática de catequistas
No entanto, como responder a estes apelos se, assim como muitos cristãos,
a realidade de nossa Igreja nos mostra que muitos catequistas receberam os
sacramentos da Iniciação (Batismo, Confirmação, Eucaristia), mas ficaram no
estágio da fé herdada? Se não fizeram uma profunda opção por Jesus Cristo e nem
pelo ministério da catequese? Se além de graves lacunas no conhecimento da fé,
a espiritualidade e as convicções cristãs deixam muito a desejar nos
catequistas? Se embora persista a boa vontade, eles carecem de uma formação
sólida, de um adequado acompanhamento e de uma complementação da iniciação à vida cristã, que começaram
na infância, como a maioria dos católicos?
Face a esta
realidade, já não é mais possível continuar apenas com a boa vontade e
dedicação dos voluntários para sustentar uma catequese de qualidade. Eles
precisam de um grande investimento, para se formarem de acordo com as novas
exigências da missão. É preciso reconhecer
que a tradicional formação dos catequistas para o desempenho desta tão importante
missão na Igreja, o ministério da catequese, tem sido pouca, e este pouco com
muitas lacunas. Constatamos que existe, em nosso
país, uma grande quantidade de cursos para a formação de catequistas e
formadores, mas, mesmo assim, persiste uma grande necessidade formativa. É
urgente tomarmos consciência que o modelo atual que utilizamos não ajuda os
homens e as mulheres à adesão a Jesus Cristo nem mesmo ao amadurecimento. Nem
os ajuda a perseverar no caminho escolhido.
As lacunas referem-se, sobretudo, à forma, à
metodologia adotada na formação dos catequistas. Transmitimos o conteúdo
doutrinariamente correto, mas falho enquanto ação evangelizadora, porque não
chega ao coração dos interlocutores. Precisamos repensar a figura do
catequista dentro de uma comunidade que inicia os catequizandos à vida de fé.
E, assim como a catequese precisa avançar, a formação
de catequistas também precisa! Assim como a catequese está a serviço da
iniciação à vida cristã, a formação de catequistas também deve configurar-se a
partir da metodologia de inspiração catecumenal. Ou seja, precisa ser uma
formação iniciática. Precisamos dar um salto de qualidade na formação. Passar
do conteúdo meramente técnico, científico, teológico, doutrinal, para um
conteúdo kerigmático, mistagógico.
Constata-se,
também, que muitos dos nossos formadores não estão em condições de acompanhar os catequistas. Por isso, nossa atenção deve
voltar-se para a formação permanente e
continuada dos educadores ou orientadores dos diversos cursos espalhados pelo
nosso país, bem como para todas as pessoas que se comprometem com a formação de
catequistas nos diversos âmbitos nos quais ela acontece.
“A formação iniciática de catequistas
é, sem dúvida, uma proposta nova e carregada de esperança. Seu objetivo é
ajudar a fazer acontecer um processo de conversão de quem é chamado pelo Senhor
para a vocação e missão de catequista. A realidade nos mostra que já não é
suficiente apenas um tradicional curso de teologia, uma escola de formação de
catequistas, como até agora se tem realizado. Urge um estilo próprio para este
novo processo formativo, que leve em conta as dimensões constitutivas da pessoa
humana e, também, da missão de testemunhar, transmitir o mistério revelado e,
sobretudo, de fazer a pessoa experimentar o encontro pessoal e fraterno com
Jesus Cristo vivo, a inserção na comunidade eclesial e o compromisso com a
missão. Trata-se, portanto, de uma assessoria que possibilite ‘transmitir’[1] o
fundamental da fé cristã ao catequista, e facilitar-lhe um novo jeito de
conhecer Jesus, experimentá-lo, vivenciá-lo, aderir fortemente a Ele e ao seu
evangelho (cf. CAL 197) e, com isso, firmar-se na caminhada rumo a uma fé
madura e irradiadora. O que se pretende é que o catequista seja capaz de bem
assessorar a educação cristã dos fiéis e de realmente acompanhá-los num
processo de “formação orgânica e sistemática da fé” (CT 21), na opção de ser
discípulos missionários de Jesus Cristo[2],
comprometidos com a Igreja e com a evangélica transformação das pessoas e da
sociedade.”[3]
[1]
“Com a expressão “transmissão da fé” (traditio
fidei) costumamos entender, nos países de tradição cristã, o processo pelo
qual as gerações adultas de crentes comunicavam às gerações jovens o legado do
cristianismo... O conteúdo do que se costumava transmitir faz referência à fé,
porém, o que se transmitia realmente era muito mais e muito menos”. Martín VELASCO Juan, La
Transmisión de la Fe (1)”, in Catequistas
(2006) nº.174,4-5. A fé é crer voluntariamente em Deus
(cf. CIC. 166); o ato de fé é voluntário por sua própria natureza (cf. DH, 10);
portanto, a fé vai além de uma simples transmissão. Na atualidade, os processos catequéticos
lutam, sobretudo, por robustecer à fé dos crentes.
[2] O
CELAM, havia escolhido como tema da V Conferência do Episcopado da América
Latina e do Caribe, marcada para maio de 2007, em Aparecida, SP, Brasil: Discípulos e missionários de Jesus Cristo,
para que nossos povos nele tenham vida” com o lema: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo, 14,6).
[3] SCALA.
Formação Iniciàtica para catequistas. In: Revista de Catequese.
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