quinta-feira, 4 de abril de 2013

FORMAÇÃO INICIÁTICA DE CATEQUISTAS


Formação iniciática de catequistas

No entanto, como responder a estes apelos se, assim como muitos cristãos, a realidade de nossa Igreja nos mostra que muitos catequistas receberam os sacramentos da Iniciação (Batismo, Confirmação, Eucaristia), mas ficaram no estágio da fé herdada? Se não fizeram uma profunda opção por Jesus Cristo e nem pelo ministério da catequese? Se além de graves lacunas no conhecimento da fé, a espiritualidade e as convicções cristãs deixam muito a desejar nos catequistas? Se embora persista a boa vontade, eles carecem de uma formação sólida, de um adequado acompanhamento e de uma complementação da iniciação à vida cristã, que começaram na infância, como a maioria dos católicos?
Face a esta realidade, já não é mais possível continuar apenas com a boa vontade e dedicação dos voluntários para sustentar uma catequese de qualidade. Eles precisam de um grande investimento, para se formarem de acordo com as novas exigências da missão. É preciso reconhecer que a tradicional formação dos catequistas para o desempenho desta tão importante missão na Igreja, o ministério da catequese, tem sido pouca, e este pouco com muitas lacunas. Constatamos que existe, em nosso país, uma grande quantidade de cursos para a formação de catequistas e formadores, mas, mesmo assim, persiste uma grande necessidade formativa. É urgente tomarmos consciência que o modelo atual que utilizamos não ajuda os homens e as mulheres à adesão a Jesus Cristo nem mesmo ao amadurecimento. Nem os ajuda a perseverar no caminho escolhido.
As lacunas referem-se, sobretudo, à forma, à metodologia adotada na formação dos catequistas. Transmitimos o conteúdo doutrinariamente correto, mas falho enquanto ação evangelizadora, porque não chega ao coração dos interlocutores. Precisamos repensar a figura do catequista dentro de uma comunidade que inicia os catequizandos à vida de fé. E, assim como a catequese precisa avançar, a formação de catequistas também precisa! Assim como a catequese está a serviço da iniciação à vida cristã, a formação de catequistas também deve configurar-se a partir da metodologia de inspiração catecumenal. Ou seja, precisa ser uma formação iniciática. Precisamos dar um salto de qualidade na formação. Passar do conteúdo meramente técnico, científico, teológico, doutrinal, para um conteúdo kerigmático, mistagógico.
            Constata-se, também, que muitos dos nossos formadores não estão em condições de acompanhar os catequistas. Por isso, nossa atenção deve voltar-se para a formação permanente e continuada dos educadores ou orientadores dos diversos cursos espalhados pelo nosso país, bem como para todas as pessoas que se comprometem com a formação de catequistas nos diversos âmbitos nos quais ela acontece.
“A formação iniciática de catequistas é, sem dúvida, uma proposta nova e carregada de esperança. Seu objetivo é ajudar a fazer acontecer um processo de conversão de quem é chamado pelo Senhor para a vocação e missão de catequista. A realidade nos mostra que já não é suficiente apenas um tradicional curso de teologia, uma escola de formação de catequistas, como até agora se tem realizado. Urge um estilo próprio para este novo processo formativo, que leve em conta as dimensões constitutivas da pessoa humana e, também, da missão de testemunhar, transmitir o mistério revelado e, sobretudo, de fazer a pessoa experimentar o encontro pessoal e fraterno com Jesus Cristo vivo, a inserção na comunidade eclesial e o compromisso com a missão. Trata-se, portanto, de uma assessoria que possibilite ‘transmitir’[1] o fundamental da fé cristã ao catequista, e facilitar-lhe um novo jeito de conhecer Jesus, experimentá-lo, vivenciá-lo, aderir fortemente a Ele e ao seu evangelho (cf. CAL 197) e, com isso, firmar-se na caminhada rumo a uma fé madura e irradiadora. O que se pretende é que o catequista seja capaz de bem assessorar a educação cristã dos fiéis e de realmente acompanhá-los num processo de “formação orgânica e sistemática da fé” (CT 21), na opção de ser discípulos missionários de Jesus Cristo[2], comprometidos com a Igreja e com a evangélica transformação das pessoas e da sociedade.”[3]


[1] “Com a expressão “transmissão da fé” (traditio fidei) costumamos entender, nos países de tradição cristã, o processo pelo qual as gerações adultas de crentes comunicavam às gerações jovens o legado do cristianismo... O conteúdo do que se costumava transmitir faz referência à fé, porém, o que se transmitia realmente era muito mais e muito menos”. Martín VELASCO Juan, La Transmisión de la Fe (1)”, in Catequistas (2006) nº.174,4-5. A fé é crer voluntariamente em Deus (cf. CIC. 166); o ato de fé é voluntário por sua própria natureza (cf. DH, 10); portanto, a fé vai além de uma simples transmissão.  Na atualidade, os processos catequéticos lutam, sobretudo, por robustecer à fé dos crentes.
[2] O CELAM, havia escolhido como tema da V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, marcada para maio de 2007, em Aparecida, SP, Brasil: Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos nele tenham vida” com o lema: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo, 14,6).
[3] SCALA. Formação Iniciàtica para catequistas. In: Revista de Catequese.

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