quarta-feira, 3 de abril de 2013

BATISMO - FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS


A PASTORAL DO BATISMO

A equipe
            Há, inicialmente, o grande desafio de formar a equipe, composta pelo pároco e por alguns leigos. Não basta se contentar com uma ou duas pessoas encarregadas de conversar com os pais e atuar durante a celebração. Os leigos procurem não só se preparar na doutrina sobre esse sacramento mas também se familiarizar com as Sagradas Escrituras e ter conhecimento dos trabalhos pastorais da comunidade.
            A equipe facilitará o rodízio dos membros nas diversas funções, como também alternará seus membros entre as tarefas da preparação propriamente ditas e aquelas da celebração litúrgica. É importante que haja uma renovação a cada dois anos dos membros que compõem a equipe, ao menos em 50% dos participantes.
            A unidade dos três sacramentos da iniciação cristã nos faz entender os agentes de pastoral do Batismo como catequistas. Temos o costume de separar o catecumenato de adultos e cada uma das etapas dos três sacramentos, a ponto de em algumas dioceses os catequistas de Crisma se compreenderem apenas como agentes de Pastoral da Juventude, os do Batismo se ligarem a Pastoral Familiar, e somente os de Iniciação à Eucaristia se considerarem catequistas propriamente.
            Para a equipe vencer o cansaço de trabalhar sempre com um público, na maioria das vezes, ausente da comunidade, acreditamos na necessidade da catequese continuada para que a equipe tenha condições de revisar os conteúdos e metodologia de ação, mas principalmente para que os integrantes possam crescer na experiência de fé e na consciência de missão.
            Não é fácil refletir o coração misericordioso de Jesus Cristo, o Bom Pastor. A equipe deverá preparar-se para acolher bem os pais e padrinhos, ter condições de estabelecer um diálogo respeitoso, que escute com serenidade e coloque-se a serviço das pessoas, especialmente na busca de soluções para as dificuldades apresentadas.

As formas de preparação
            Este subsídio contempla duas modalidades possíveis: a reunião geral dos pais e padrinhos na paróquia, ou reunião na casa dos pais que solicitaram o Batismo. Há paróquias que realizam as duas modalidades na preparação.
            “É indispensável que todos os ministros hierárquicos de uma região adotem os mesmos padrões de preparação e celebração do Batismo. A fuga de fiéis para outros lugares, onde o Batismo se celebra sem exigências, é ruptura da unidade e sinal de uma pastoral que não educa o povo”[1].
            “Muito recomendáveis são as visitas às famílias dos batizandos com o fim de integrá-las melhor à comunidade eclesial por laços de verdadeira amizade e fé.”[2] Importa valorizar o encontro pessoal, como caminho de evangelização. Nele se aprofundam laços de confiança e experiências de vida são partilhadas. Através da visitação, do contato pessoal, contínuo e organizado, manifesta-se a iniciativa do discípulo missionário, que não espera a chegada do irmão ou irmã, mas vai ao encontro de cada um, de cada uma e de todos.
            As visitas podem ser realizadas antes e depois do Batismo, num momento de oração, reflexão da Palavra e de diálogo acolhedor. A família precisa ser ajudada a crescer na vida cristã, a melhorar o próprio ambiente familiar. Assim é que a graça do Batismo poderá se desenvolver.
            A equipe ou casal visitador estará atento para tomar aqueles cuidados básicos: combinar e respeitar o horário marcado de início e final da visita, dar preferência e ir até as casas mais pobres; alegrar-se de conhecer a família; valorizar o quer puder ser notado exteriormente como flores , enfeites na sala etc.; acolher a todos, especialmente os idosos e crianças; e orientar sobre os procedimentos e horários da paróquia/comunidade.
            Cuidar para ouvir o que a família tem a dizer. Quanto mais escutamos ativamente as pessoas, mais as acolhemos em nosso íntimo, valorizamos a sua história, os acontecimentos que têm a nos relatar. Nossa palavra se reduz ao essencial. Nunca como juízo de valores sobre fatos e pessoas.
            “Na casa dos pais ou na igreja, faz-se uma leitura bíblica relacionada com o Batismo, conversa-se sobre o sentido da Palavra de Deus em nossa vida, alertando os pais para a responsabilidade que têm de transmitir o Evangelho aos filhos, pela palavra, mas, sobretudo, pela vida”.

Algumas dicas para a equipe
            Os dados históricos nos ajudam a entender melhor porque as pessoas pedem o Batismo para seus filhos, mesmo sem uma motivação de fé adequada. O Batismo tornou-se sinal de reconhecimento público na sociedade, visto que era celebrado numa sociedade uniformemente cristã, onde só era possível ser cristão. Conferia o estatuto de ser humano para aqueles que eram desrespeitados em sua dignidade.
            Por isso, não devemos ser tão apressados em avaliar as motivações dos pais ao pedirem o Batismo para seus filhos. O catequista pode avaliar o que representa socialmente ser batizado na Igreja. A motivação aparentemente social traz um lastro histórico bastante profundo e com muitas consequências ainda hoje.
            Outro dado importante: o Batismo é concebido como um dom de Deus na vida humana. O povo é o primeiro a reconhecer esse valor e buscá-lo para si. Por isso, buscar o Batismo passa a ser coisa gravíssima, a ponto de receber ameaças de morte.
            A nova sensibilidade religiosa questiona a iniciação sacramental quanto à definição da identidade do cristão na sociedade, seu sentido de pertença a uma comunidade de fé, sua convicção e testemunho de fé nos valores e forma de vida que professa, a intensidade de sua convivência comunitária e mesmo seu empenho em assumir os compromissos cristãos na sociedade. Ela também estimular a cuidar mais da beleza da celebração com cantos mais expressivos do gosto popular, com manifestação pública de testemunhos de conversões, de curas e de vivência do Evangelho. Ressalta a dimensão pessoal da fé e da oração. E oferece a certeza da salvação e a providência de Deus na vida de cada um.

O compromisso batismal
            Ao solicitar o Batismo, pais e familiares serão os primeiros a se perguntarem sobre a própria vivência de fé. Ainda bebês, a Igreja os batizou confiando aos pais e padrinhos a educação da fé. Esta acontece primeiramente pela formação do reto caráter com relação aos valores que norteiam a vida cidadã. Ao optar pelo Batismo católico, advém a responsabilidade de educar os filhos segundo a fé da Igreja. Por isso, a Igreja sempre associou a família cristã ao itinerário da iniciação: “Pelo sacramento do Matrimônio, os pais recebem a graça e a responsabilidade de serem os primeiros catequistas de seus filhos. Espera-se que seja no cotidiano do lar que os filhos experimentem a alegria da proximidade com Deus através dos pais. A experiência cristã positiva, vivida no ambiente familiar , é uma marca decisiva para a vida do cristão”[3].
            Ao se tornarem pais, os esposos recebem de Deus o dom de uma nova responsabilidade. Seu amor paterno está chamado a ser para os filhos o mesmo amor de Deus, do que provém toda paternidade no céu e na terra, a ser modelo de família, de vivência do amor trinitário, unidos pelo amor.
            Os pais, antes de serem reveladores do sentido simbólico de seus filhos, são reveladores simbólicos de Deus, de sua presença amorosa, ternura e paternidade. Segundo o ensino e a prática autêntica da Igreja, é função dos pais e padrinhos assumir a educação cristã da criança, batizada antes do uso da razão. Durante a preparação, devem tomar consciência dessa realidade.
            O Batismo de crianças não chega a sua plena frutuosidade até o momento em que for assumido pessoalmente. A distinção entre “validez” e plena “frutuosidade” é importante nesse caso. É certo que acontece a eficácia do sacramento no Batismo de Crianças. Porém, sua personalidade como cristão está pouco desenvolvida e potencial. Somente à medida que vai crescendo na fé e no amor em sua relação pessoal com o Pai ela irá realizando a sua personalidade de filho – ser filho pessoalmente – irá desenvolvendo-se através de toda a existência. A criança, como ser em desenvolvimento, é um ser humano de pleno direito, ainda que à sua maneira, como uma criança.
            Há que se proporcionar desde cedo ma aproximação da criança aos símbolos cristãos, a Palavra de Deus, ao exercício da oração cotidiana. Os especialistas apontam que a criança até os seis anos possui um grande potencial de compreensão religiosa, tem facilidade de abrir-se ao Outro.
            É muito comum percebermos em famílias que se recusam, ou ignoram, ou não querem aprofundar a educação religiosa de seus filhos uma triste constatação: formam, muitas vezes,
Personalidades adultas vulneráveis, sem princípios éticos de solidariedade, de doação, de reciprocidade etc.
Fonte:


[1] CNBB. Batismo de Crianças. São Paulo: Paulinas, 1980. n. 146 (Documentos da CNBB, n. 19).
[2] CNBB. Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil – 2008/2010. São Paulo: Paulinas, 2008. (Documentos da CNBB, n. 87).
[3] CNBB. Diretório Nacional de Catequese. São Paulo: Paulinas, 2006. (Documentos da CNBB, n. 54).

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